quinta-feira, dezembro 30, 2010

Tátil figurado



[ sleeping with ghosts ]

Saudades.


Do tempo que não passamos juntos.
Dos beijos apaixonados que não demos.
Das noites que não dormimos juntos.
Das manhãs em que não acordei ao teu lado.
Das brigas que não tivemos.
Dos sorvetes que não dividimos.
Das declarações de amor nunca ditas ao pé do ouvido.
Das lágrimas que não rolaram.
Das palavras nunca jamais pronunciadas.
Dos pensamentos reprimidos.
Dos olhares de culpa que não foram vistos.
Das recepções calorosas que não vivemos.
Das despedidas tristes que não sentimos.
Das viagens que não curtimos.
Das conversas sérias que não tivemos.
Dos cigarros não fumados, até.

Mas, saudade mesmo, é do tempo.
Tempo onde tudo isso poderia ter existido.
Tempo que nunca, nunca voltará.
Saudade do tempo onde pensar nisso, era bom.

Saudades das saudades que deixavas no meu peito,
ardente como brasa,
presente como minha alma.

Hoje ?
Nas nuvens.
Inconsistente como elas.
Dormindo com o fantasma da tua saudade.



sábado, outubro 16, 2010

Assassínio.

[ vazio que a tudo consome ]

E de pé ergue-se tua unitária platéia,
aplaudindo secamente o último ato
do pequeno teatro de tragédias.

Ira-te contra teus próprios deuses!
Os mesmos que criastes conforme teu imaginário.
Revolta-te e agride-os com o mesmo furor antes dedicado a adorá-los.
Destrói seus templos e desfigura suas imagens,
buscando externar e findar a terrível dor que te consomes.
Odeia-os e os amaldiçoa, sem sequer entendê-los.
Mero mortal, conjunto carnal de sentimentos confusos!
Só enxerga suas próprias lamúrias...
Ergues em fúria teus punhos aos céus, pragueja aos brados!
Lança como raios ao Olimpo aos tuas frustrações,
em afronta ao próprio Zeus que és sem saber.
Nada és, mortal.
Nada és sem os deuses que tu mesmo criaste.
Assim como deuses nada são sem a incondicionalidade do teu amor e devoção.

E com feridas abertas das quais jorra um sangue grosso e incessante,
Com o gosto infinito de tal sangue amargo nos lábios,
os deuses aqui amaldiçoam sua própria existência.
Julgam-se mal, pessimistas que se tornaram.
Acreditam veemente, pelo total descontentmento do homem,
que só conseguiram causar dor e desamor.
E por quê ?
Por tanto se assemelharem aos mortais,
que tanto amam.
Que a tanto, amam.

Mais uma vez,
talvez a última delas,
Nietzsche matou Deus.

sexta-feira, outubro 15, 2010

Sucumbir-se

[ o desistir de sonhar ]
[ o arrependimento irremediável ]


E nada do que de fato é sólido, é capaz de no ar dissipar-se.
Vácuo inexiste perante a essência, que é imutável.
O abismo de erros e deslizes de fato, existe.
Terrenos, mundanos, antigos e vergonhosos.
Carne em ossos, momentos de tempestade,
que a tudo sacodem e inundam.

Um coração VAZIO ? Impossível.
Divagações que tentam se convencer.
E entendo, e respeito.
Quem sabe o mesmo faria ?

FRIO ? Sem dúvidas, como sempre.
MÓRBIDO ? Apenas minha pele sem sangue.
INANIMADO ? Como pode assim ser esse coração que por ti tanto se altera, acelera ?

Silêncio ecoa no vão de amargura e decepção,
mas jamais é eterno em meio ao salão de festas épico onde reside meu coração.
Odes apaixonantes que aos meus ouvidos doces canções se faziam,
agora jazem no abandono, na falta de crença de verossimidade.
Na verdade, parece que sou tua vaidade.

Deuses, deusas..
Heróis imaginários que criamos e tanto adoramos.
E que desconstruímos com uma velocidade absurda.
Pesamos apenas as coisas ruins, as porventuras funestas.
Esquecemos que nossos deuses, são, na realidade, meros mortais.
Que erram, se arrependem, choram, odiam, amarguram-se, enganam-se.
Mas, que acima de tudo, amam.
Incondicionalmente.
Talvez a única divindade presente nesses deuses,
seja a capacidade de matar ou morrer mil vezes por tal amor.

Perante nossas frustrações, tentamos nos enganar.
Tentamos provar a nós mesmos que somos capazes de esquecer.
Que não mais amamos, que não mais desejamos.
Despejamos ódio, rancor e veneno nas palavras que proferimos.
Talvez numa tentativa de nos fazer acreditar nisso tudo.
Não vos culpo, o comportamento humano é sempre de defesa.
E entendo que tudo que almejas, é apenas proteger-se.

O caminho mais fácil é o da frieza.
Da negação, do abandono.
É como colocar uma venda e deixar de enxergar o mundo ao redor.
Negar-se, omitir-se, fugir de si.
Não vos culpo, mereço.

Tua silhueta tão apreciada,
agora ausente de meu recanto,
de nossa inebriante alcova,
deixa saudades incólumes.
Essas sim, eternas.

Sombra.
Aquilo que te segue desde o começo.
E que te seguirá até o fim.
Parte de ti, pedaço de teu ser.

O que são epitáfios senão grandes e infinitas declarações de amor ?
Tenta de mim escapar, ofende-me com tuas palavras repletas de cristais de gelo.
Mas esquece que o reflexo do gelo quando exposto a brilhante luz do sol, exibe as mais belas cores,
Em seu íntimo, apenas pra quem sabe ver.
Ou a quem se dispuser a isso.

Feridas expostas.
Que sangram, que clamam.
Que chamam, que choram.
Assim como minhas palavras derradeiras.

Na tua tentativa de me repelir, admito que de fato, algo conseguistes.
Minha vida é ou era, total e plena dedicação a ti.
Cultos diários a tua felicidade.
Adoração ao teu semblante.
Preocupação absoluta com teu total bem-estar.
Isso, é o que entendo por VIDA.
E não há VIDA sem PAIXÃO.
E por aqui, encerro.
Ambas as coisas.



quarta-feira, outubro 13, 2010

Leechers & Deceptions

[ the perfect couple ]


Compromisso é sempre só consigo.

Do que vale abrir mão de vontades e desejos ?
Por mais torpes, levianos e momentâneos que possam ser,
São, ainda assim, seus.
Chamas que incendeiam sua alma,
Mesmo que por um instante.
É de todo válido apagá-las quando ainda são brasas ?
Qual recompensa virá ao fazer o certo ?
Abdico, vida minha, de ti.
Pra simplesmente viver em função de vontades de outrém.
E pra quê ?
Pra sentir olhos nas costas sempre que uma janela laranja pisca.
Pra notar o cenho franzido sempre que meu celular toca.
Pra confinar-se ao medo da desconfiança sempre presente.
Pra viver em cárcere no seu próprio habitat.

Tic tac, tic tac.
O tempo passa, e cansa.
Relato relapso de decepções recém adquiridas.
Amargura em combinação de letras.

terça-feira, setembro 28, 2010

Desapego Forçado

[ com mix de realidade ]



E agora são palavras diretas.
Impassíveis de erro.

Não.
O que vivi (-i+emos) não foi imaginação.
Não foi deturpação.
Não foi, e não queira me fazer acreditar nisso.
Tuas palavras ásperas, antes macias como seda,
Não me convencem.

"Não é lá essas coisas."
Mas claro que foi.
Por conhecer-te, por saber-te, por ler-te.
Por mero flerte de vivência.

Tu, iglu inacessível que se pintas,
deixou escorrer gotas de degelo,
por mais que queiras negar a ti.

Tua frieza rotineira,
vindo forçada em tal momento crítico,
Não me convences.

Por zebras, idas e vindas, mensagens e suspiros.
Me recuso a afundar nessa tempestade de indiferença
Na qual queres lançar-me.

E eu me recuso a crer
Mesmo quando olhar no fundo dos teus olhos,
e ainda assim, tentares me convencer
de que tudo foi engano.

Não me convences.

segunda-feira, setembro 27, 2010

Agora, é pra você.

[ baby... ]


Maybe...
Oh, if I could pray, and I try, dear,
You might come back home, home to me.

Maybe
Whoa, if I could ever hold your little hand
Ooh, you might understand.
Maybe, maybe, maybe, maybe... yeah

Maybe, maybe, maybe, maybe, maybe, dear,
I guess I might have done something wrong,
Honey, I'd be glad to admit it
Ooh, come on home to me!
Honey, maybe, maybe, maybe, maybe... yeah

Well, I know that it just doesn't ever seem to matter, babe,
Ooh, honey, when I go out or what I'm trying to do,
Can't you see I'm still left here
And I'm holding on in needing you

Please, please, please, please,
Oh, won't you reconsider, babe,
Now come on, I said come back,
Won't you come back to me!

Maybe, dear, oh maybe, maybe, maybe,
Let me help you show me how.
Honey, maybe, maybe, maybe, maybe,
Maybe, maybe, maybe, yeah,
Maybe, maybe, maybe, yeah.
Ooh!


quarta-feira, setembro 15, 2010

O arrancar das máscaras de pele

[ des-pedaços de mentiras já ditas ]



Você:
"À noite, no meu quarto olho o céu
Estrelas brilhando sem parar
O meteoro vindo como um réu
Com uma estrela se chocar
E se formando assim
Um delírio inter estelar"


Eu:
"Quando existe esse encontro casual
O mundo começa a revirar
Nas cabeças tudo é anormal
E as mentes começam a guerrear."

-

Por quê ?
Por quê !
Por quê ...


... tudo, absolutamente tudo,
não passam de palavras repetidas,
de mentiras antes contadas,
de sensações conhecidas,
de ilusões alimentadas,
de canções já tocadas,
de erros vividos.


-

Pensamentos que suspiram
Em uma agonia sem fim!
Anseia ser tátil,
sufoca-se de saudade.
Permeia os sonhos diários!
E revela-se fútil e vil.
Grande idiota e imbecil,
que a tudo dissimula e fantasia.
Que cega insiste em ser.

Delírio Consentido

[ des-amor ]

Posso confiar em você, garoto mortal?
Você diz que me ama - oh, claro que sim - mas o quê exatamente isso significa?
Eu não tenho a menor noção, nem idéia do que você entende por amor e outros termos tão desgastados quanto essa velha canção e dança que você chama de romance.
Diferentes flores crescem no meu jardim semântico, então vamos lá.
Vamos ver se o seu bom voto é mais do que desequilíbrio químico.
Será que vale o ar que respira, ou é só perda de tempo com você ?
O que eu chamo de "amor precioso e verdadeiro", você chama isso de pecado, ou crime e coisas assim?

Então, deixe-me colocá-lo em teste.
Quantas vezes já ouvi essas palavras:
"Eu te amo tanto meu querido, que morreria por você agora, aqui!"
Claro, eles fazem disso uma bela cena, mas eu digo: pise nisso!
Porque desta forma é muito fácil!

Mas você tem a força de estar comigo até o fim?
Você teria coragem de viver por mim, respeitar meus desejos, meu diploma?
Me defenderia contra o mundo todo, lutaria contra os médicos que brincam de Deus,
bateria nos sacerdotes, se eles chegassem perto, ou qualquer um que tentasse interferir?

É sua versão de amor, tão verdadeira, que você usaria todos os meios de que dispõe, para satisfazer o apelo urgente, o solene, último desejo de morrer de um ele ou ela sem esperança, que reside na dor, que está sofrendo, só pedindo pelo fim...
É o seu amor, um verdadeiro amigo?

Se eu me deitar chorando em minha cama, esperando, não muito para o fim, se eu decidir que meu tempo acabou, você seria confiável para guardar este túmulo, romper esta casca, e livrar-me deste inferno,
para ter certeza que minha morte seja rápida, você me garantiria este sagrado presente?

(Abençoada é a flor que cresce na noite
Abençoado o veneno que o ajuda a morrer.
Abençoada a ajuda de um fiel amigo,
abençoado é ele, que te traz o fim)

Agora que escutou, me deixe saber:
Você está pronto para deixar-me ir?
Você faria tudo isso por mim, respeitaria meus desejos, minha dignidade?

Porque é isso que amor significa pra mim.


segunda-feira, agosto 16, 2010

Amor de Pierrot

[ enfeitadas ilusões ]


De amores tudo finda.
Como o pierrot e sua sabida ilusão, que ainda perante iminente tristeza,
se regozija do amor conquistado e querido.
E brinda, canta, sorri e revigora-se.
Faz dos momentos antecedentes do abismo, anos de aurora.
E é feliz, faz-se feliz.
ó sofrida e imensa dor que a galopes se aproxima!
Antiga amiga e esperada visita.
Venha tão tarde quanto possível, despedaçar esses sonhos de puro vidro!
Faça de mim estilhaço, nada além de amontoados de cacos.
Na beleza de mil vitrais, se esconde inerte a tristeza das catedrais.

Desfaz tal fuga de mim, dissipa todo ar perfumado de paixão.
Estoura por fim esses olhos de cristal, frios, amargos como esse agouro infernal.

Entre sorrisos, bailes e bufões, golas cheias e rendas delicadas,
Mora a terrível e intrépida jornada do vazio.

Todo começo é apenas o primeiro degrau pra longa escadaria de suplícios que nos levará até o fim.
Você se atreveria a subir sabe-se quantos degraus ?

Brinde, cante e sorria!
Aproveite tal possível agonia!
Vivencie cada ponto de felicidade
que pontilha isoladamente
essa trilha de infelicidades que é a vida.

sábado, agosto 07, 2010

(des)Medido Tempo

[ entre parênteses ]

Ia.
Só ia.
Ia só.
Aí fui.
Só fui.
Fui só.
Tu?
Lá.
Aí lá,
Achei-te.
Agora?
Aí ia.
Ia aí.
ÍAMOS.
Aí fomos.
Aí estamos.
Aí sempre.
Í AMO S.

-


O tempo ocupa espaço ?
O espaço ocupa tempo.
E o teu espaço,
dentro do meu tempo,
E o teu tempo,
dentro do meu espaço,
Deixa diárias saudades.
Sempre ocupe meu tempo com teu espaço.
Sempre ocupe meu espaço com teu tempo!

segunda-feira, julho 26, 2010

In Maiorem Satanii Honorem

[ como Apolo, que a tudo ilumina ]


Eu,
de corpo lúbrico e olhos trêmulos,
mera casa de desejo e carne,
templo pagão de delírios noturnos,
eis que a ti agora entrego,
ó portador de meus lúgubres deleites,
sem pudor e em torpor,
minha lascívia secreta
de desejos impronunciados.
E o anseio de sempre querer-te
junto a mim em conúbio eterno,
é incessante, como súplicas ao Mephisto.
És meu arnês, minha égide atemporal.
Elo de nefárias heresias derrancadas,
de uma alma imoral e concupiscente,
que agora em sublime comunhão,
almeja em tua companhia
descansar incólume na eternidade.
Que minhas palavras só não sejam tão imutáveis
quanto meu sangue, saliva, suor e digitais
sempre presentes em teu corpo.

sexta-feira, julho 23, 2010

Constância saudosista que não finda!

[ no véu, o céu de um parque a nos testemunhar ]


E da falta tua sentir,
Grita minha pele
E sofreja meu coração.
Falta da pele tua
Na alma minha.
Da orelha minha,
perde-se na tua voz.
Das mãos dadas na tua cintura,
de olhares firmes
que os meus olhares
não resistem.

quinta-feira, julho 15, 2010

Pedaços de incerteza certa

[ travada batalha de espadas duplas ]


Aqui está um apelo do meu coração para você
Ninguém me conhece tão bem quanto você
Você sabe como é difícil para mim me livrar da doença
Que me dá um nó na língua em situações como essa

Entenda-me!


Algumas pessoas têm que estar permanentemente juntas
Amantes dedicados um ao outro pra sempre
Agora eu tenho coisas para fazer e eu já disse antes
que eu sei que você também tem,
quando não eu estiver lá
Estarei lá em espírito.

E isso basta.
E isso basta?
Deveria.
Deveria?
Deveria!
Mas não me basta.

-

Can you feel a
l
i
t
t
l
e
...
love?


-


teoria,
teoricamente,
teorizando,
terrorizando.


-


homem de idéias
de ids
de egos.



-

"a certeza é digna dos tolos"
De loucos,
de poucos,
de soltos.
De certos,
de acertos,
de casos,
de acasos,
De furores,
de horrores.
De medos,
de dores.
Tolo de si se faz.
Certo há de sempre estar.
Incerteza do concreto
Que jamais desmentir-se-á.
Bobos da côrte, tolos aos montes.

-
Achar pra ter.
pra crer ?
pra ver ?
pra ler.
achismos em demasiado
ponto morto sem fim
.
incerteza teórica do que é certo.
e é ?
.morto!

-


Palavras estratégicas
com estratégias de palavras.
A paciência muda de um jogador de xadrez.
A indolência nata de um de poker.
Ases ao revés, ao avesso, aos terços.
Cavalos, bispos, rainhas e reis.
Entram na roda e dançam.
Vendados ou já cegos.
De certezas de um nada aos quilos.
A dança das dúvidas pairando no ar.
Construções descontrutivas diárias.
A teoria VERSUS a prática.
A tática, a plácida.
Apelos declarados que tua inteligência se recusa a notar.
Ignora, força, disfarça, forja.
E ainda assim, tão tua.
Tão minha na tua que não me cabe.
Xeque-mate, jogador.
Mate-me.
e só.

terça-feira, julho 06, 2010

Cenas Perdidas de Registro

[ tormenta ínfima ]


E cenas jamais registradas
pelo olho de câmera da memória.
Sentir-se só e não só estar.
Em mais um amanhecer frio que quente deveria nascer.
Cenas repetidas com detalhes inovados.
E ainda assim, tão cruas.
Tão mesmas, tão minhas.
Plenitude vã de segundos ou minutos atrás
Dissipada com um fechar de olhos alheios.
Ermos, perdidos, em labirinto eterno.
Sempre a mesma sásálidão.
Furacão de sentimentos nublados.
Fartura descrente de si, de mim.
Banquete apodrecido pela gula.
E é assim que as coisas funcionam no meu jardim.
De suplícios, de espelhos.
De lamúrias negadas, trasvestidas de sorrisos.
"Is that fickle little bitch romance."

Mas enquanto você está aqui por acaso
Por que você não cochicha todas aquelas doces eternidades no meu ouvido?
Frio lábio superior dentro desta tristeza
Se apresse e enfie logo
Você nunca sabe quando vai terminar
Amanhã.
Ou amanhã ?
Ou amanhã...
Nessa manhã.

-

Eu não posso pegar um rato,
Mas eu posso mimar um gato.
Não, estou falando sério
Eu sou muito boa nisso.

Eu não posso consertar um carro,
Mas posso consertar a monotonia.
Eu poderia consertar muitas coisas
Mas eu prefiro não entrar nisso.

Eu costumava ser firme,
O ajuste perfeito!
Engraçado como esse elogios...
Fazem você se sentir cheio disso

Eu posso cortar, dar as cartas e negociar
Mas não posso desenhar uma mão
Eu não posso desenhar várias coisas
Eu espero que entenda
Eu não sou excepcionalmente tímida
Mas eu nunca tive alguém
Que eu possa olhar direto nos olhos
E contar meu planos secretos.

Eu posso fazer uma promessa
E eu posso usar um anel
E eu posso fazer promessas a você
Mas elas não iriam significar nada.

Olá, eu te amo, você vai me dizer seu nome?
Olá, eu sou boa para nada - você vai me amar mesmo assim?

segunda-feira, maio 24, 2010

Baby, baby .. eu sei que é assim.

[ A solidão é a sorte de todos os espíritos excepcionais. ]


As coisas tendem à incoerência, sempre.


Até quando ?
Até quando!!!
Cercada de pessoas mil e me sentindo só e nua ?
Quando julgo achar pessoas certas, acabo me levando por esse desejo louco de compatibilidade mental, na vontade desenfreada de vivenciar coisas novas, de paixões tórridas e pseudo-amores eternos.
É incrível a minha capacidade de mascarar a realidade e enfeitá-la bem colorida no mundo que eu vivo dentro da minha cabeça.
"É claro que eu te amo!"
Isso é tão simples e rápido!
...e de consequências tão desastrosas.


"Pisa o silêncio, caminhante noturno!
Antes do dia nascer.
Antes da noite morrer.
Vai encontrar nessa noite um amor sem vagar,
sem falar,
a sonhar ?
Foge do amor que a noite lhe deu
sem falar.
sem sonhar."

"Mandei fazer de puro aço um brilhante punhal
para matar o meu amor.
e matei."
fim ?


"Meu relógio parou.
Desistiu para sempre de ser.
Eu dei corda e pensei
que o relógio iria viver
pra dizer a hora de você chegar.
não andou e eu chorei.
e os ponteiros parados ali
são a prova d´água!
e no mar me atirei
com o relógio nas mãos e pensei:
ele é a prova d'água!"

"não se iluda com um beijo
com uma frase
com um olhar.
só não vá se perder por aí.."

"chegue perto de mim
não precisa falar.
acenda meu cigarro
não queira me agradar,
não queira,
queira.

não decida nem pense,
não negue nem se ofereça
não queira se guardar
não queira se mostrar.
queira."


"Adeus, vou me embora meu bem
Chorar não ajuda ninguém
Enxugue seu pranto de dor
Que a seca mal começou... "


quarta-feira, maio 19, 2010

Rosas da Escuridão

[ menina de lata ]



Ilusões de amores e paixões semi-vividos que me ecoam aos tímpanos na voz da menina de lata. Rasgou-se a boca da qual tudo que escorre jamais será silêncio.
Fala, e tanto quanto, sente. Gritante em fagulhas de euforia.
Solta lampejos e tremores de esperança, que me criam farrapos e sombras de sorrisos.
Palavras que formam uma paisagem irreal de sonhos doces de alcaçuz.
Deixar-se cair num sono vindouro do que se deseja ter, ou arrancar-me a pele de cores já marcadas de realidade?
Tempo, passa!
Passatempo?
Medo e pavor.
Pânico e solidão num tédio lascivo e imoral.
Tudo está perdido?
Não nos resta emoção?
Em copos sujos se afoga a ira
E os lamentos saem do coração
Acaba morto o que não poderia
É tão rico o mundo da ilusão!
Esqueço as luzes, prefiro os meus sonhos
Eles possuem o que desejo tanto!
O que sente a dor no coração dos homens
Na dor dos vencidos nas mesas do bar
Olho a olho no teto do quarto, sombras de mim e até as tuas.
Poesias desconexas que pipocam dançantes pairando pelos abismos de dúvida.
Letras poucas que tanto repelem, que desmontam semblantes tão harmônicos.
Fale, não cale! O tempo é tão pouco, tão pouco...
Certeza incertas de tempo pouco.
Incertezas certas à todo vapor, sem por, sem dor, sem cor.
Turbilhão de gritos surdos descendo em espiral a um fundo que ninguém vê.
Alegria, ilusão, corpos pelas ruas, pedras na mão.
Todas elas amam, todas elas chamam, todas elas clamam.
E como sempre, apelos mudos que jamais serão notados.

Boas noites, menina de lata, que aos meus ouvidos descrentes semeia as mais belas rosas.

sábado, abril 17, 2010

E o quê é real ?




[ deturpação do eu ]


Vivemos vidas que não são nossas.
Participamos de coisas que não gostamos realmente.
Somo personagens, simulações de "eus" que nem sequer existem.
Porquê? Pra quê?
Qual a real intenção de provar ao mundo tudo aquilo que não somos ?
Tentamos de todas as formas no camuflar nos heróis e vilões que criamos.
Escondemos fraquezas, disfarçamos sentimentos, não vivemos.
Somos capas. Somos apenas máscaras.
E do que adianta ?
Se sempre ao final de cada noite, nos deparamos com mais uma farsa ?
Mais uma armadura quebradiça do dia, que se parte perante o espelho.
Quando chegamos, é que nos deparamos com uma fragilidade sem tamanho.
Ocultamos, mentimos, simulamos, disfarçamos.
Pra de nada adiantar.
Pra mais uma noite, nos sentirmos sós, e completamentes cheios.
Cheios de vaidades infundadas, que em nada são capazes de suprir nossas vontades.
Vazios, ocos.
Preenchidos apenas das nossas mentiras arranjadas, de nossas ilusões plantadas.
Vivemos uma felicidade irreal, que a muito o mundo agrada.
Fazemos médias e conveniências desnecessárias, que apenas aos outros felicitam.
Quando não depreciam, quando não magoam.
Estar por cima, fingir o inatingível.
Ah, eis o papel principal, o fundamento de toda a trama.
Camuflamos nossas fraquezas e dores com os mais belos sorrisos.
Proferimos as mais vis palavras de sarcasmo e ironia, no único intento de nos sentirmos menos mal.
E dia após dia seguimos nessa normalidade fingida, fria.
Obrigando-nos a externar uma força inexiste, querendo nunca admitir que se sofre.
Sim, oh, como eu sofro.
Dolorida e melancolicamente.
Amaldiçoou o tempo que passa rápido e que é incapaz de voltar.
Tantos erros tolos, palavras infundadas.
O preço da infelicidade galgado na própria vivência errônea que julgamos correta.
Nos desviamos de tudo, engamos o sofrer.
Pelo menos tentamos de todas as milhares de formas.
Sempre em vão.
Álcool, festas, pessoas, drogas utópicas.
Momentos de felicidade simulada que nem nós mesmos de fato acreditamos.
E o que sobra pra nós ? Apenas pra nós, quando ninguém é capaz de ouvir pensamentos ou julgar expressões ?
Nada.
O vazio, o silêncio, o desesperador silêncio que só indica o quanto vivemos errado.
O quanto deixamos as farsas tomarem controle total e absoluto de nossos atos.
Nos desviamos como podemos.
Procuramos de um tudo que possa alcançar nosso ego, inflá-lo de modo a tentar esquecer o que nos incomoda.
Invejamos a boa sorte de uns, a felicidade de alguns casais que se dizem apaixonados.
Só vivemos boas mentiras sociais, que nos fazem parecer pessoas sem igual, ótimas e sem qualquer problema.
Ah, a querida e boa sorte, amiga de poucos que não a valorizam, e tão ácida inimiga daqueles que a desejam de forma desesperada.
A doença e alguma porcentagem etílica podem distorcer as várias palavras até sem sentido, mas jamais hão de ofuscar a dor que esse coração sente, e que já não suporta.
Dor de fontes imensuráveis, que jorram como cachoeiras de agonia, que não têm onde desaguar.
Como uma grande represa de amarguras, se acumulam e lá ficam.
Até o dia da grande enchente, do majestoso rompimento de suplícios.

E em um noite onde tudo que se queria acontece, não há pleno regozijo.
Há culpa, há desconfiança, há algo errado.
Não era assim que deveria ser.
E mais uma miléssima vez, eis que ela surge, imponente e espectral.
A insalubre culpa, que martela e enfraquece.
Não sabemos o que fazemos, ou até saibamos em excesso.
E isso que nos consome, que nos mata e dilacera a cada anoitecer, a cada dia que finda.
Tudo que queria era poder livrar-me dessas lágrimas e paixões que de nada adiantam.
Nunca, nunca adiantam.
Tudo que amei, amei só .. jamais como os outros.
Vivi ilusões que só me levaram a mais sofrimento.
Pecados sem o menor perdão. Sem esperanças vãs que sempre dão em nada.
O mistério da morte ronda, nos faz pensar em menos torpores.
Se a vida fosse mais fácil de separar do amor, nada disso aconteceria dessa forma tão avassaladora.
A vida desanda a partir do ponto onde não se divide mais uma coisa da outra.

Passamos a vida nos misturando a tudo que não somos, mas que queríamos poder um dia ser.
E fazemos isso com tal perícia, que quase esquecemos do que realmente somos.
Apenas palhaços banais do circo das nossas vidas.
Arrancando risos, admirações, reprovações. Sem nada daquilo ser.
Rimos quando sofremos, somos tempestade quando verdadeiramente calmaria.
Somos imensa fábrica de sonhos inalcansáveis e falhos.
Mas e no fim das contas, a quem realmente queremos enganar ?


quinta-feira, janeiro 07, 2010

May I kiss your wound?

[ a arte do sempre saber ]


Tradução adaptável de "Resumè", do Sopor Aeternus:


"Lá, o que sobe pouco a pouco tal montanha, enquanto outros se dissolvem em uma planície.
O tempo redefine-se e cai na tristeza, grão a grão ...
"O tempo, meu caro, cura todas as feridas", fala uma língua bifurcada.
Mas nada, nada muda aqui, esta dor continua e não se vai longe.

[Lamento:]
"Eu fui fraco, como já envelheci, e o próprio tempo fez-me devagar ...
e como eu fecho meus olhos na tristeza, mil estações vêm e vão ... "

Talvez o suficiente para cobrir todos e também cruel o suficiente para revelar,
mas todas as feridas e cicatrizes que ele carrega,
nem a força, nem sempre um beijo pode curar.

O tempo não cura nada, nada, nada ...
Acintosamente desdenha e ri.
Te deixa partido e em desafio só te adiciona outra cicatriz ...


Chame-se de "cego", e veja como ele está se contorcendo, contando horas, séculos ...
A dor que cresce e brilha nas marés, incapaz de desaparecer, não querendo deixar ...

O tempo não cura nada, nada, nada ...
Empurra até que está mergulhando em carne diferente.
O tempo não cura nada, nada, nada ...
Apenas petrifica alguma vergonha inominável ...

[Lamento:]
"E é chegado o tempo de meus dedos virarem garras, eu estaria perdendo-me?"
Eles dizem: "Ainda há esperança para você na terra."
O tempo ainda quer que eu corra, ou talvez ele esteja correndo ... - Em qualquer caso, será sempre sair pior ... "
O tempo é fugaz, o tempo pára, pára para ninguém e os aprisiona aqui dentro.
Mas ainda assim eu sonho com o luz sombria que recairá no lado esquerdo ...

[Resumo:]
"Como eu desejo que eu esteja morto, e descanse em paz final ...
Mas mesmo ao luxo de morte não pode curar as feridas que o tempo não curou ..."