quinta-feira, dezembro 30, 2010

Tátil figurado



[ sleeping with ghosts ]

Saudades.


Do tempo que não passamos juntos.
Dos beijos apaixonados que não demos.
Das noites que não dormimos juntos.
Das manhãs em que não acordei ao teu lado.
Das brigas que não tivemos.
Dos sorvetes que não dividimos.
Das declarações de amor nunca ditas ao pé do ouvido.
Das lágrimas que não rolaram.
Das palavras nunca jamais pronunciadas.
Dos pensamentos reprimidos.
Dos olhares de culpa que não foram vistos.
Das recepções calorosas que não vivemos.
Das despedidas tristes que não sentimos.
Das viagens que não curtimos.
Das conversas sérias que não tivemos.
Dos cigarros não fumados, até.

Mas, saudade mesmo, é do tempo.
Tempo onde tudo isso poderia ter existido.
Tempo que nunca, nunca voltará.
Saudade do tempo onde pensar nisso, era bom.

Saudades das saudades que deixavas no meu peito,
ardente como brasa,
presente como minha alma.

Hoje ?
Nas nuvens.
Inconsistente como elas.
Dormindo com o fantasma da tua saudade.