sábado, novembro 07, 2009

Teatro Declarado

[ intolerância para conveniências ]


Agora ? Só o opaco.
Espaços em branco que restaram.
Jogados, aos farelos, aos farrapos.
Dos apagões que fiz de partes que um dia foram vida.
Ou pelo menos parte dela.

Felicidade, amizade, todo tipo de amor.
Apenas momentos, como o vento.
Dependendo do clima, forte ou fraco.
Elas chegam, e passam.
Simples.

Bem-vindos!
Eis aqui o Mundo dos Interesses!
Pague seu ingresso com a troca de favores.
Coloque suas melhores máscaras e venha fazer toda a indiferença!
Vazio infinito que não se preenche com conveniências.

Os dias e horas não significam mais tempo.
Só passam despercebidos, se achando na programação mutável da tv.
Limites medidos com filtros de cigarro e copos vazios, que só aproximam a enfermidade.
Mas que aliviam a mente de pensamentos realistas perturbadores.
Enquanto houver um cigarro, uma mulher jamais estará só.

E o futuro é a terceira idade, só em uma casa cheia de gatos, com câncer.
Como deve ser.


Nothing is everything

[ recauculando dependências ]


...
e hoje, nada me admira mais.

vasos quebrados, espelhos trincados, vidro partido.
tecido rasgado, pedra atirada, braço mordido.
flechada, queimada, estampido.
amigo, inimigo, esquecido.
explosão, destruição, solidão.
descaso, solidão, isolamento.
solidão, mágoa, amargura.
ressentimento, desconfiança, descrença.

coceira, alergia, doença.
falar, fazer, falsificar.
mentir, enganar, acreditar.
prometer, jurar, furar.
iludir, ludibriar, inventar.
cobrar, cobrar, cobrar.
trair, chorar, matar...
um coração.


e, principalmente hoje, nada me surpreende mais.