terça-feira, outubro 21, 2008

Lamúrias notórias de um sexta lúgubre.

[ detalhes internos semi-negados ]


Existem dias em que só se pensa em não ter levantado.
Sexta passada, foi um dos desses, e apesar de toda a resignação em deprimir-me solitariamente, me arrancaram do sepulcro em que transformei meu quarto e me jogaram na gandaia.
É engraçado agora, ver a que ponto eu consigo chegar com essa auto-indução a tristeza, me valendo dos motivos mais banais e mesquinhos (logicamente, aos olhos alheios).
Que orgulho dessa minha mente deprimida que funciona tão bem pra isso!

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- tudo bem por aí?
- é, mais ou menos .. e aí?
- muito menos.

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Anita diz:
alias, 7 eh q dia? terça?

AritAnna-Varney - diz:
eu nem sei que dia é hoje, que vida é hoje, que nome tenho hoje.

Anita diz:
aritana culósofa

AritAnna-Varney - diz:
que nada, apenas auto-flagelação induzida. Não é legal ?

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.gRaH. diz:
cara..vamo sair? tipo, uma roda, violao, amigos, vinho...e sem muvuca...q tal? ^^

AritAnna-Varney - diz:
é, parece uma boa idéia, mas eu não quero sair de casa hoje.

.gRaH. diz:
ooun pq?

AritAnna-Varney - diz:
sem ânimo, sem vida, sem dinheiro.. e pior, meus cigarros estão acabando.

.gRaH. diz:
ixiiii...oq aconteceu??? isso eh muito tempo dentro de casa cara, vamo sair e beber que tu se anima \o/

AritAnna-Varney - diz:
é muito tempo dentro de casa, dentro de mim, fora do mundo.

.gRaH. diz:
eiiita, maaaas se resolver sair da um sinal de vida =)

AritAnna-Varney - diz:
qual ? a vida que não tenho hoje ?

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canção
coração
que horas são ?

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eu tenho tudo
.tudo que não tinha.
tudo que eu podia.
eu tenho.
tudo.

não, eu tenho tudo.
não eu, tens tudo.
não eu tenho, tudo.
tudo tenho, não eu.
eu não tenho tudo.
droga.

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deixe sua felicidade pra amanhã, querido, que hoje nossas lágrimas são como gotas de sangue seco, coagulando no nosso barril de tristezas que se valoriza com o tempo.
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E eu ?
Que estou presa a essa necessidade de precisar de vocêu ?
Fodeu.

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[ Spade Cadets - Give Me Space ]

sexta-feira, outubro 17, 2008

Tente, descontente!



[ não vá se perder por aí.. ]

eu tento me expressar mas as palavras exatas não aparecem.
não consigo me concentrar se não for em um bloco de notas em branco.
quando algo escrito já existe, me bloqueia, é como se maculasse as novas idéias, sujandos-as de pensamentos mortos, passados.
ao invés disso, um tornado de letrinhas invade minha cabeça, rouba minhas boas idéias e torna tudo confúcio demais pra ser explicado.

mutilações de mim, pedaços espalhados
embora que juntos, inertes na atividade
falta de desejo ou vontade.
torpor obtuso, tédio crescente.

melodias melosas de melancolias constantes
tontura mental, nada se tem além
sem ânimo, sem vida, sem dinheiro
e pior, meus cigarros estão acabando.

auto-indução de tristeza
morbidez notória e descrença de percepção
trajo-me nua de mortalhas na alma
ah, se solidão fosse tudo!

vazio, vaso seco.
conexão rachada, estilhaçada.
fio solto, fio só, sem tensão.

mastigo formigas e me sinto mais perto do chão
do real, do tátil, do vivo.
misto de doce, ácido e ocre.

com unhas sujas, esmalte descascado e descaso
escrevo letras tortas em dimensão sem linha.
a medida do tempo é o transbordar das cinzas
do meu firestone de abrigo.

"sinceramente você pode se abrir comigo"
honestamente, eu não quero te dizer.
vocêu acertou o pulo (direto pro abismo)
quando me encontrou.
e é necessário que bata nossas asas
em sintonia divinal
para que não haja uma espatifação gloriosa.

antes de nada eu gostaria de explicar
segue agora um mosaico de amarguras mil
chamado "a marchinha psicótica de dra. AV."
anunciados o humor negro e a má percepção.
e pra provar, oh meu querido, meu amor tão radical
eu escrevi essa marchinha pra tocar no funeral
e um milênio passaria e continuáriamos sendo cult-underground.

doidão é apelido para paranóia
toda jibóia,
toda bóia,
toda clarabóia
querido, que tal baixar esse seu cursor ?

deitado no divã com woody allen
eu tive um sonho com aquele estranho e velho álibi.
cuidado, meu amigo.
não vá se estrepar.
não queira dar um passo mais alto que o juízo pode dar.
não vá se perder por aí...
só não vá
se perder
por
aí.

[ Sex Pistols - Anarchy In The UK ]

segunda-feira, outubro 13, 2008

Saga sanguinária interminável..


[ tô aqui pra fazer graça, hein? ]


De todo, ao meu vício, eis que me entrego
Nu, vazio de medos e de prantos coberto.
Na sensação do momento, calo, submeto, me entrego.
Atento de ti, que consola, observo e adoro.
Mudo, quase que inerte, na admiração plena do impalpável e ainda assim perto.

Tento compreender como de ti, minha felicidade depende.
De tua presença sutil mesmo que ausente,
do suave calor que emanas febrilmente.
Aqueces esse coração que vive de inverno, peço-te.

Como podes tu, inanimado ser distante e discreto
Arrancar suspiros e alívios de um modo tão correto ?
Me entrego, esqueço dos conselhos a proteger-me de mim
É apenas o início de mais um amargo fim
Que recomeça sempre que te toco até inexistir.

Preciso, não négo.
Dependo, venero.
Penso em largar, não quero.

Não me é correto nem são, amar tanto, e no fim, em vão.(?)
Que recompensas me traria além desse prazeiroso momento ?
Te aproveitas de mim e sobe à minha cabeça
Tomando conta de tudo onde quer que esteja
Dias e noites passam sem fim, e tudo que quero é você, aqui.

Quando não o tenho, felicito-me em ler teu nome
Vivo, de um verde tão vivaz que só me satisfaz.
Querer-te a todo momento é de praxe
Mesmo que assim, meu óbito, já não afaste.

Tua ausência me desespera, alucina
E ainda assim não desejo nenhuma outra toxina!
É insano e injustificável sentir tudo isso por ti, sei.
Fora de minhas mãos, imagino todos os meios de tocar-te.
E a distância parece que aumenta tanto
Assim como essa corrente de ar que pra longe leva essa fumaça
Que há minutos, era parte de mim, e pra sempre.

Quando em meus braços te acalento
É como proclamar um ode de auto-destruição.
Me faz tão bem, jamais quero separar-me
Embora um dia, de tanto amor e desejo
Sei que irá levar-me.

Devaneios te cercam em minha mente
Ao meu sono e despertar
Só quero sentir o teu sabor de aroma sutil
E no teu encanto, viajar milhas sem sair do lugar.

Tudo que já passamos juntos não é metade do que viverei ao teu lado
Passaremos por mais campos, estradas e sarjetas
Juntos, por todos os bons e maus momentos
Rindo mesmo que mudos, nos completando e nos perdendo a cada minuto
Para que depois de pouco, nos encontremos e vivamos tudo novamente
Nesse círculo vicioso de amor e morte.
Sempre, sem que te arranquem de mim.

É a ti, companheiro de madrugadas e aventuras distantes
Que dedico compridos versos de louvor
Na promessa que te levarei comigo onde quer que for.
Mesmo que isso sigfique morrer um pouco mais a cada minuto.

Agradeço pela companhia, meu melhor amigo.
Ontem, hoje e no fim da leveza tediosa dos dias.
Sei que me serás fiel, mesmo que não só a mim faça bem.
E é nessa devoção sincera, que de ti não me vejo sem.

Como uma música fúnebre que embala as nossas vidas
Canto contigo as canções mais belas de amor em dor
Proclamando meu amor imenso em silêncio
Que te reluz em estrelas, marcadas eternamente em meu corpo e alma.

Por momentos odiei-te e quis matar-te.
Não me é certo depender-te!
Afastar de mim todo mal que provocaste.
Vacilo, volto atrás, percebo que és afinal, minha parte.
Inseparável, presente, marcante.
Jamais oscilante.
Em ti confio mesmo ao saber que não és fumante.

Sei que ao lerem, não irão ao certo entender.
Mas o que sinto há de permanecer.
Mais uma vez, agradeço, amado, Hollywood Menta.

Permita que te fume até o fim
Pra que depois de horas, renasça das cinzas que construímos
nas desventuras de nossos dias.





[ Nekromantix - Spiders Attacking Manhattan ]

segunda-feira, outubro 06, 2008

Apenas cinzas sem brasa


[ (des)aconselhável... ? ]



Porque meus cigarros são tão inspiradores ? Talvez por serem a presença mais viva dos meus dias, por mais tempo e sempre ao lado.

"Ah, por que tu dá tanta ênfase ao teu hábito de fumar?"

Não se trata disso.
Pergunto: melhor solidão ou desamparo ? Quando se vê só, tudo é motivo pra escrever ou achar uma maneira de ser útil. Afinal, a idéia das pessoas de sentir-se vivo, é poder de fato servir pra alguma coisa no mundo, não é ?
Não pra mim.

Somos como os cigarros, no fim das contas.
Fomos feito com a única intenção de gerar lucro e prazer, e consequentemente, vício e doença. O que seriam os homens além dos vírus do mundo que a tudo destroem ?

Cigarros.
Compridos, finos, uns maiores, outros curtos, com cores, sabores e aromas diferentes e marcantes. Viciantes.
Dispensáveis, efêmeros, substituíveis, frágeis, prejudiciais. Mas que sempre conseguem, mesmo que por pouco tempo, passar momentos de prazer, reflexão, dor, e porque não amor ?

Vamos queimando, nos consumindo, acabando, com o passar de dias e anos, uns de forma veloz que se deixam queimar no vento das praias. Outros que queimam lentamente, protegidos do tempo. Uns que apenas queimam na naturalidade das coisas, como devem queimar, sempre até o filtro e ao momento em que o calor faz arder os lábios.

Até um fim pessoal, que logo é esquecido ao começo do próximo fim. Ciclo vicioso interminável! Mas ainda assim, existimos.

Pra quem fuma, um cigarro só nunca é suficiente. Imagine, por toda a vida, poder fumar apenas UM cigarro ? Ter apenas UM momento de prazer ? Apenas UM momento de dor ?

Esse parágrafo pode ser lido como:

Pra quem ama, um amor só nunca é suficiente. Imagine, por toda a vida, poder amar apenas UMA pessoa ? Ter apenas UM momento de prazer ? Apenas UM momento de dor ? Seria válido, mas seria o bastante para UMA vida ?

O mundo é um grande cinzeiro, e quanto mais queimamos em nossos pecados e maldades, mais cheio ele fica.
E quando chorarmos por isso, nós, que agora cinzas, em lama nos transformaremos através de nossas próprias lágrimas.



Não é minha visão definitiva de vida, é apenas um pensamento momentâneo, que acabou de passar como o cigarro que apaguei agora.




[ Marilyn Manson - Mechanical Animals ]