terça-feira, julho 08, 2008

[ Bem-vinda, AritAnna-Varney ]

[ conecte-se, conheça, compartilhe ]
O orkut definitivamente me assusta.

A modernidade, falando de modo mais geral. Ao meu ver, o orkut cumpre hoje o papel das antigas fofoqueiras, aquelas velhinhas que ficavam tardes inteiras nas calçadas e que davam conta da vida de todos os vizinhos, moradores da região e até mesmo de alguns transeuntes. E acreditem, elas ainda existem! Casos rotineiros são por mim presenciados em uma tal rua Espinharas. Mas enfim, isso se trata de um comportamente considerado normal, tendo em vista a grande falta do que fazer de que a maioria das pessoas com idade já avançada e residentes em interiores e cidades pequenas possuem. Compreensível, cultural e blá blá blá.
Mas cara, o orkut é imoral! Ele, dependendo da racionalidade do "dono", é capaz de revelar uma vida inteira da forma mais íntima possível e imaginável. Tempos bons eram os do início, onde poucas pessoas entravam, já que era necessária a existência de um convite, e uma certa burocracia acerca dos questionários a serem respondidos. Poucos recursos, quase nada de "intrometimento" na vida das pessoas, nada de vídeos, apenas 12 fotos, nada de avisos de "quem te visitou", nenhuma coisa a respeito de suas atualizações pessoais e as de seus amigos ... Uma tranquilidade só. Mas acho que às vezes o povo esquece do conceito de simplicidade. Sei lá, pra mim isso tudo não tinha necessidade nenhuma de acontecer. De certo modo, algumas coisas ficaram mais práticas, como divisão de grupos, o que facilita extremamente uma busca, por exemplo. Reconheço que aconteceram diversas mudanças
positivas, mas no meu caso, viveria tranquila e feliz sem elas. Tudo bem que mais de 12 fotos até ajuda, pois com a limitação as 12 melhores eram escolhidas a dedo, o que muitas vezes enganava as pessoas a cerca da verdadeira aparência alheia...

Agora tem essa tal de "Adicionar Marcação". Com isso se entrega o jogo. A busca antes incessante pelas pessoas que apareciam em fotos, já era. Esse joguinho divertido dos desocupados em passar dias e momentos de frisson em busca de um rosto levemente conhecido ou de uma fofoca que precisava ser comprovada, acabou
definitivamente. Agora basta passar o mouse em cima da tal pessoa e dar um clique. Pronto ! Já foste direcionado automaticamente ao orkut do dito cujo.
Porque claro, todo mundo tem orkut, isso levando em consideração o que uma empregada doméstica de Bacabal disse dentro do ônibus:

"Não sei como 'Jacineide' consegue viver sem orkut, é o mesmo que ter CPF. Hoje até pra arranjar emprego é preciso de um orkut, é bom pros contatos."

(Logicamente, a frase foi submetida a uma tradução em linguagem humana, já que no dialeto no qual foi pronunciada seria praticamente impossível se realizar
uma leitura.)
Fiquei pasma e embasbacada com a quantidade de informações novas e tão indispensáveis à minha vida e carreira profissional. Será que parei no tempo e perdi alguma coisa ? De repente me senti dentro de "Adeus, Lênin!", perdendo toda uma evolução com teorias comprovadas e essenciais a uma existência não-ignorante.Nossa, como eu sou retrô.

Acho que algumas pessoas podem achar isso um impropério, uma loucura ou um devaneio torpe, porque na realidade elas querem é a popularidade, o entrosamento, uma certa forma de miscigenação virtual, tanto em relação a raça, gostos, sexo, caráter, personalidade e o diabo a quatro que sempre se acha por ali. Sem ver
a quem, o que a maioria quer é sair adicionando profiles com fotos bonitinhas (ou não, na maioria das vezes) aos quilos no seu orkut, pra assim se tornar popular e descolado. Mas digamos isso apenas da maioria, daquele povão de lan house que definitavamente não sabe falar (já que demonstram na escrita) e se portar de uma forma pelo menos de longe vista como educada. Não é preconceito, é ojeriza a comentários burros e português inventado. Essa maioria acredita que ter mil amigos é o ápice da glória "orkutal", da popularidade cibernética que se destrói assim que uma palavra tosca é digitada ou um encontro ocorre com uma pessoa mais esclarecida, por assim dizer. Mas que vai ao delírio se combinada com um intelecto de ameba parecido.

Já outro "grupo" do orkut, esse já de pessoas que possuem pelo menos alguma inteligência, opta por parecer discreto, impenetrável, acreditando ainda no mito de que o mistério é a melhor arma na "conquista". Com isso, não aceitam pessoas que não tenham lido pelo menos um de seus best-sellers favoritos, que não tenha a discografia de pelo menos 1 cantor que só é conhecido na Albânia, que não é fã de no mínimo, 3 filófosos austríacos e 1 grego. Pessoas que tem a necessidade de se colocar em um nível tão intelectualizado, que muitas vezes se perdem na merda que criaram pra si. Mas prosseguindo, além das exigências para se aceitar um "about me", afim de manter ainda o clima de desconhecido, apagam scraps, bloqueiam fotos (que na maioria são de seus animais, filmes preferidos, e um monte de coisas extras que não sejam seu próprio rosto), não aceitam depoimentos, possuem pouquíssimas comunidades, e o pior, colocam um status de namorando sem deixar sequer um rastro de que isso seja verdade ou não, de que exista ou não de fato um cônjuge. "Ah, mas as pessoas não possuem a obrigação de mostrar com quem elas se relacionam mais intimamente". Não uma ova ! Pra mim, a partir do momento que tem um status de "namorando" ali, já é exposição, e não comprovar isso com uma foto ou algo do tipo, é ou vergonha de assumir a pessoa, ou ter o rabo preso com alguma coisa. Pode parecer extremista, mas sinceramente é isso que eu penso toda vez que vejo esse tipo de profile ralado. Pior ainda quando se solta um "ah, eu não gosto de me expor"... então pra que diabos fez um orkut ? "foi pra falar com meus amigos"... e eles por acaso não possuem telefone ou qualquer outro meio de comunicação que não exija, antes do contato, saber seu nome, sobrenome, cidade, estado e estado civil ? Sinceramente.

Tudo bem que existem certos tipos de pessoas que realmente prezam por descrição. Mas ainda assim eu acho ralado demais ter um orkut com praticamente nada. Qual a função disso, além de ficar investigando a vida das outras pessoas que fazem parte dessa rede mundial ? Ok, eu já disse que viveria tranquilamente sem os mil recursos novos que existem ali, mas o inicial eu acho de muito bom grado, pois de certa forma ajudam pessoas que você julga amigos, a conhecerem coisas de você que eles talvez nunca imaginariam nem perguntar.

Aí é um ponto legal a ser discutido.
Quem tem um orkut, pode muito bem nem ser alguém. Você pode ser quem quiser, ter as coisas que quiser, morar onde desejar e ter o rosto mais lindo que procurar. O orkut pode ser uma arma imensa de dissimulação. Ninguém tem como provar nada ali, cara ! Tudo não passam de palavras e fotos sem veracidade alguma! Ainda acho que para ingressar no orkut, devia ser feito um rigoroso teste de caráter, avaliado por uma banca incontestável. É muito fácil ser outra pessoa. É muito fácil parecer legal. É muito fácil ser bonito, querido, gostoso. Mas todas essas facilidades acabam fácil, fácil como um desligar de estabilizador.

Lembrei dessa questão da dissimulação hoje, quando com uma sacada genial, um amigo mentiu a data do aniversário, transferindo-o para hoje. Dito e feito, 99% dos seus "amigos no orkut" foram lá dar os parabéns. Bem-vindo ao mundo falsificado da internet, onde é muito fácil ser amigo de deus e do diabo. Onde as falsidades são escritas sem o menor remorso, onde é normal receber parabéns e votos de felicidades de pessoas que nunca falam pessoalmente contigo simplesmente por não querer. Vai entender né ? É como se vivêssemos uma vida à parte quando conectados, onde temos uma vida feliz e bonitinha onde todos são nossos amigos do peito, mas fora disso, somos pessoas normais das quais nem todos querem se aproximar.
Nem sei o porquê de escrever isso, se no fim dos contas o que o povo quer é ver o cabaré pegar fogo com as quengas todas dentro.

Não sou exemplo pra ninguém, mas pra mim um bom uso do orkut é o uso natural, sem ter que ficar se preocupando em aparecer o tempo todo, em esconder tudo de todos. É aceitar quem se conhece e quem se fala, não só quem tem uma foto ou ou profile legal. É participar de comunidades que realmente tenham algo haver
com sua REAL personalidade, e não daquelas que se entra pra parecer "in". É ser você, como na vida de carne de osso. Simples e diariamente.

quarta-feira, julho 02, 2008

Vivendo no séc. XIV


[ Aham, acredito... ]


Lendo post antigos de flogs perdidos por aí, me deparei com algumas questões que há muito habitavam meus pensamentos, mas que um teclado desconfigurado a uma preguiça imensa me impediram até hoje de transformá-los em palavras.

Em toda cidade, sendo ela capital ou não, é provável que exista um grupo pequeno de pessoas "diferentes", leigamente rotulados como "roqueiros", inicialmente, para posteriormente receberem uma entitulação qualquer que seja condizente com as roupas que costumam usar.

De fato, uma espécie de preconceito do qual muitas vezes já fui vitimada, mas que aprendi a ignorar sabendo do tamanho da ignorância popular, da falta de conhecimento e cultura a cerca de estilos co-relacionados com musicalidade. De uns 2 anos pra cá, creio eu, começou a expandir-se a febre "EMO". Desde então tudo que contenha listras, bolinhas, piercings no lábio, cores vibrantes, franjas, cabelos coloridos e coisas desse tipo, é EMO.

Muito bonito pra minha cara essa.
Desde sempre me vesti usando peças e acessórios com essas características, o que me deixava mais parecida com um anime andando na rua, praticamente um cosplay ambulante, e ninguém nunca havia falado nada (exceto as más línguas que tanto me amam).
Aí eis que agora, qualquer filho da puta que me olha na rua com meus cabelos azuis, uma camisa do AC/DC e meias listradas que SEMPRE usei, chega na cara dura e me pergunta: "Ei, tu é emo?"
Dá uma revolta tão grande por saber que essa pergunta só foi motivada através do que a mídia divulga erroneamente sobre o que é esse conceito de EMO. Caralho, eu tava com uma camisa do AC/DC, porra ! O povo não sabe nem o que significa isso, e ainda vem querer falar merda, é o fim mesmo.
Tudo bem que usar uma camisa de banda não significa muita coisa nesses tempos onde o modismo é praticamente tudo, mas já era uma pista, convenhamos!

Mas não volto a escrever pra falar do quão vítima da ignorância eu sou.
Como disse no início do post, ao ver fotos e escritos antigos, vi o quanto de gente "velha" não conseguiu até hoje, superar certas fases. Não tenho propriedade pra criticar pessoas de 30 anos sendo que só tenho meus 19, mas opiniões se materializam com vivenciações, e a respeito disso não sou nenhuma ameba estúpida que só critica.

Já perceberam que existem pessoas que simplesmente não querem sair do seu mundinho Woodstock ? Que querem ser eternos astros do rock nas suas cabeças ? É, isso existe aos bandos por aí. Gente que insiste em sair de corpse paint pra comprar pão ali na esquina. Pessoas que não conseguem (ou não querem..) enxergar que a vida é muito mais do que viver de visual, ouvir metal, usar camisa de banda e toda a parafernalha que isso acompanha. Tudo bem que se produzir pra um evento é uma coisa, mas tornar isso uma vivência diária já me soa como exagero.
Muita gente por aí quer ser um eterno Ozzy, só que sem a fama e a grana, lógico. Pra mim, isso tudo pode ser falta de capacidade de levar em frente uma vida real, falta de vontade de ter um objetivo na vida, afinal, metaleiro/gótico/emo/etc não é emprego, a não ser que tenhas uma banda famosa com contrato vitalício de sucesso.

Não vejo problema nenhum em apreciar certos estilos musicais e até vestir a camisa quando necessário, mas tornar isso rotina precisando mostrar ao mundo com roupas e acessórios, não me desce. Insistir, já com seus 20 e poucos anos, que se é um bruxo, uma feiticeira, um anjo da morte, um soldado de satã, uma vampira e o diabo a quatro, é demais !

"Ah, mas tu tá falando de quê aí ? Tu tem cabelo azul, uma porrada de tatuagem e piercing." Sim, mas não é assim que eu me vejo com os meus 30 anos. Não é necessário ser a vida toda desse jeito pra se deixar claro que gosta. Se até lá eu achar massa, continuo do mesmo jeito, mas não fazendo disso o centro da minha vida.

Na verdade, isso tudo nem tem como ser criticado, já que cada um tem seu devido tempo pra chegada e saída de fases da vida. Só que tem algumas pessoas que parecem que empacaram no tempo ...


[ Marilyn Manson - New Model nº15 ]





Por: AritAnna-Varney/Registro de porra nenhuma.

Copie quem quiser, as idéias são de todos, são universais. Mérito meu saber que consegui expressá-las a ponto de despertar inveja/cobiça/interesse de outros a ponto de desejarem tê-las escrito.