quarta-feira, julho 02, 2008

Vivendo no séc. XIV


[ Aham, acredito... ]


Lendo post antigos de flogs perdidos por aí, me deparei com algumas questões que há muito habitavam meus pensamentos, mas que um teclado desconfigurado a uma preguiça imensa me impediram até hoje de transformá-los em palavras.

Em toda cidade, sendo ela capital ou não, é provável que exista um grupo pequeno de pessoas "diferentes", leigamente rotulados como "roqueiros", inicialmente, para posteriormente receberem uma entitulação qualquer que seja condizente com as roupas que costumam usar.

De fato, uma espécie de preconceito do qual muitas vezes já fui vitimada, mas que aprendi a ignorar sabendo do tamanho da ignorância popular, da falta de conhecimento e cultura a cerca de estilos co-relacionados com musicalidade. De uns 2 anos pra cá, creio eu, começou a expandir-se a febre "EMO". Desde então tudo que contenha listras, bolinhas, piercings no lábio, cores vibrantes, franjas, cabelos coloridos e coisas desse tipo, é EMO.

Muito bonito pra minha cara essa.
Desde sempre me vesti usando peças e acessórios com essas características, o que me deixava mais parecida com um anime andando na rua, praticamente um cosplay ambulante, e ninguém nunca havia falado nada (exceto as más línguas que tanto me amam).
Aí eis que agora, qualquer filho da puta que me olha na rua com meus cabelos azuis, uma camisa do AC/DC e meias listradas que SEMPRE usei, chega na cara dura e me pergunta: "Ei, tu é emo?"
Dá uma revolta tão grande por saber que essa pergunta só foi motivada através do que a mídia divulga erroneamente sobre o que é esse conceito de EMO. Caralho, eu tava com uma camisa do AC/DC, porra ! O povo não sabe nem o que significa isso, e ainda vem querer falar merda, é o fim mesmo.
Tudo bem que usar uma camisa de banda não significa muita coisa nesses tempos onde o modismo é praticamente tudo, mas já era uma pista, convenhamos!

Mas não volto a escrever pra falar do quão vítima da ignorância eu sou.
Como disse no início do post, ao ver fotos e escritos antigos, vi o quanto de gente "velha" não conseguiu até hoje, superar certas fases. Não tenho propriedade pra criticar pessoas de 30 anos sendo que só tenho meus 19, mas opiniões se materializam com vivenciações, e a respeito disso não sou nenhuma ameba estúpida que só critica.

Já perceberam que existem pessoas que simplesmente não querem sair do seu mundinho Woodstock ? Que querem ser eternos astros do rock nas suas cabeças ? É, isso existe aos bandos por aí. Gente que insiste em sair de corpse paint pra comprar pão ali na esquina. Pessoas que não conseguem (ou não querem..) enxergar que a vida é muito mais do que viver de visual, ouvir metal, usar camisa de banda e toda a parafernalha que isso acompanha. Tudo bem que se produzir pra um evento é uma coisa, mas tornar isso uma vivência diária já me soa como exagero.
Muita gente por aí quer ser um eterno Ozzy, só que sem a fama e a grana, lógico. Pra mim, isso tudo pode ser falta de capacidade de levar em frente uma vida real, falta de vontade de ter um objetivo na vida, afinal, metaleiro/gótico/emo/etc não é emprego, a não ser que tenhas uma banda famosa com contrato vitalício de sucesso.

Não vejo problema nenhum em apreciar certos estilos musicais e até vestir a camisa quando necessário, mas tornar isso rotina precisando mostrar ao mundo com roupas e acessórios, não me desce. Insistir, já com seus 20 e poucos anos, que se é um bruxo, uma feiticeira, um anjo da morte, um soldado de satã, uma vampira e o diabo a quatro, é demais !

"Ah, mas tu tá falando de quê aí ? Tu tem cabelo azul, uma porrada de tatuagem e piercing." Sim, mas não é assim que eu me vejo com os meus 30 anos. Não é necessário ser a vida toda desse jeito pra se deixar claro que gosta. Se até lá eu achar massa, continuo do mesmo jeito, mas não fazendo disso o centro da minha vida.

Na verdade, isso tudo nem tem como ser criticado, já que cada um tem seu devido tempo pra chegada e saída de fases da vida. Só que tem algumas pessoas que parecem que empacaram no tempo ...


[ Marilyn Manson - New Model nº15 ]





Por: AritAnna-Varney/Registro de porra nenhuma.

Copie quem quiser, as idéias são de todos, são universais. Mérito meu saber que consegui expressá-las a ponto de despertar inveja/cobiça/interesse de outros a ponto de desejarem tê-las escrito.


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