quinta-feira, janeiro 07, 2010

May I kiss your wound?

[ a arte do sempre saber ]


Tradução adaptável de "Resumè", do Sopor Aeternus:


"Lá, o que sobe pouco a pouco tal montanha, enquanto outros se dissolvem em uma planície.
O tempo redefine-se e cai na tristeza, grão a grão ...
"O tempo, meu caro, cura todas as feridas", fala uma língua bifurcada.
Mas nada, nada muda aqui, esta dor continua e não se vai longe.

[Lamento:]
"Eu fui fraco, como já envelheci, e o próprio tempo fez-me devagar ...
e como eu fecho meus olhos na tristeza, mil estações vêm e vão ... "

Talvez o suficiente para cobrir todos e também cruel o suficiente para revelar,
mas todas as feridas e cicatrizes que ele carrega,
nem a força, nem sempre um beijo pode curar.

O tempo não cura nada, nada, nada ...
Acintosamente desdenha e ri.
Te deixa partido e em desafio só te adiciona outra cicatriz ...


Chame-se de "cego", e veja como ele está se contorcendo, contando horas, séculos ...
A dor que cresce e brilha nas marés, incapaz de desaparecer, não querendo deixar ...

O tempo não cura nada, nada, nada ...
Empurra até que está mergulhando em carne diferente.
O tempo não cura nada, nada, nada ...
Apenas petrifica alguma vergonha inominável ...

[Lamento:]
"E é chegado o tempo de meus dedos virarem garras, eu estaria perdendo-me?"
Eles dizem: "Ainda há esperança para você na terra."
O tempo ainda quer que eu corra, ou talvez ele esteja correndo ... - Em qualquer caso, será sempre sair pior ... "
O tempo é fugaz, o tempo pára, pára para ninguém e os aprisiona aqui dentro.
Mas ainda assim eu sonho com o luz sombria que recairá no lado esquerdo ...

[Resumo:]
"Como eu desejo que eu esteja morto, e descanse em paz final ...
Mas mesmo ao luxo de morte não pode curar as feridas que o tempo não curou ..."

Oh, Saturn .. please, devour me.

[ sufrágio de virtuosidade ]

Ah, que densa atmosfera fúnebre que esse corpo inerte embala!
Agora eis que me permito afundar no devaneio de uma alma imóvel.
Perder-se em pensamentos, em ódios súbitos e repentinos, pra encontrar-se em amores fúteis e passionais.
Ausência de questões, motivos, causas, razões ou qualquer mísero fato que possa ser capaz de algo justificar.
Apenas o amargo e vão prazer de diagnosticar amarguras, de abrir feridas doloridas, fazer-se infeliz sem o menor esforço.
Afinal, haveria beleza sem dor ? Profundidade em sentimento sem o simples ressentir ? Sem o ranger de dentes amargurados ? Sem lágrimas salobras de puro rancor ?
Jamais a admiração de pequenas letras em conjunto! Seria possível a exaltação de felicidades sublimes apenas ?
Que lúgubres perfumes haveriam de ser inalados se não vos dissesse das belezas esquecidas que jazem na melaconlia ?
Segredos impronunciáveis num simulacro de mistérios.

O que seria então a felicidade plena sem a tórrida lembrança de um sofrer abissal ?
A dor! Eis a sutil felicidade permitida, pois então !
Sempre ao alcance de sutis lembranças, podendo ser alcançada por um visitante descuidado que passa como se observasse antigos e raros vitrais de extintas fortalezas.

Sejamos então uma legião de sofredores! Façamos templos e altares, glorifiquemos o pesar!
Como que numa trágica procissão que murcha como pétalas ao tempo.