quinta-feira, janeiro 07, 2010

Oh, Saturn .. please, devour me.

[ sufrágio de virtuosidade ]

Ah, que densa atmosfera fúnebre que esse corpo inerte embala!
Agora eis que me permito afundar no devaneio de uma alma imóvel.
Perder-se em pensamentos, em ódios súbitos e repentinos, pra encontrar-se em amores fúteis e passionais.
Ausência de questões, motivos, causas, razões ou qualquer mísero fato que possa ser capaz de algo justificar.
Apenas o amargo e vão prazer de diagnosticar amarguras, de abrir feridas doloridas, fazer-se infeliz sem o menor esforço.
Afinal, haveria beleza sem dor ? Profundidade em sentimento sem o simples ressentir ? Sem o ranger de dentes amargurados ? Sem lágrimas salobras de puro rancor ?
Jamais a admiração de pequenas letras em conjunto! Seria possível a exaltação de felicidades sublimes apenas ?
Que lúgubres perfumes haveriam de ser inalados se não vos dissesse das belezas esquecidas que jazem na melaconlia ?
Segredos impronunciáveis num simulacro de mistérios.

O que seria então a felicidade plena sem a tórrida lembrança de um sofrer abissal ?
A dor! Eis a sutil felicidade permitida, pois então !
Sempre ao alcance de sutis lembranças, podendo ser alcançada por um visitante descuidado que passa como se observasse antigos e raros vitrais de extintas fortalezas.

Sejamos então uma legião de sofredores! Façamos templos e altares, glorifiquemos o pesar!
Como que numa trágica procissão que murcha como pétalas ao tempo.



2 comentários:

CRIA ATIVIDADE disse...

voce continua escrevendo muito bem...

[ AritAnna-Varney ] disse...

Certas coisas nunca mudam, moço =)