sexta-feira, outubro 15, 2010

Sucumbir-se

[ o desistir de sonhar ]
[ o arrependimento irremediável ]


E nada do que de fato é sólido, é capaz de no ar dissipar-se.
Vácuo inexiste perante a essência, que é imutável.
O abismo de erros e deslizes de fato, existe.
Terrenos, mundanos, antigos e vergonhosos.
Carne em ossos, momentos de tempestade,
que a tudo sacodem e inundam.

Um coração VAZIO ? Impossível.
Divagações que tentam se convencer.
E entendo, e respeito.
Quem sabe o mesmo faria ?

FRIO ? Sem dúvidas, como sempre.
MÓRBIDO ? Apenas minha pele sem sangue.
INANIMADO ? Como pode assim ser esse coração que por ti tanto se altera, acelera ?

Silêncio ecoa no vão de amargura e decepção,
mas jamais é eterno em meio ao salão de festas épico onde reside meu coração.
Odes apaixonantes que aos meus ouvidos doces canções se faziam,
agora jazem no abandono, na falta de crença de verossimidade.
Na verdade, parece que sou tua vaidade.

Deuses, deusas..
Heróis imaginários que criamos e tanto adoramos.
E que desconstruímos com uma velocidade absurda.
Pesamos apenas as coisas ruins, as porventuras funestas.
Esquecemos que nossos deuses, são, na realidade, meros mortais.
Que erram, se arrependem, choram, odiam, amarguram-se, enganam-se.
Mas, que acima de tudo, amam.
Incondicionalmente.
Talvez a única divindade presente nesses deuses,
seja a capacidade de matar ou morrer mil vezes por tal amor.

Perante nossas frustrações, tentamos nos enganar.
Tentamos provar a nós mesmos que somos capazes de esquecer.
Que não mais amamos, que não mais desejamos.
Despejamos ódio, rancor e veneno nas palavras que proferimos.
Talvez numa tentativa de nos fazer acreditar nisso tudo.
Não vos culpo, o comportamento humano é sempre de defesa.
E entendo que tudo que almejas, é apenas proteger-se.

O caminho mais fácil é o da frieza.
Da negação, do abandono.
É como colocar uma venda e deixar de enxergar o mundo ao redor.
Negar-se, omitir-se, fugir de si.
Não vos culpo, mereço.

Tua silhueta tão apreciada,
agora ausente de meu recanto,
de nossa inebriante alcova,
deixa saudades incólumes.
Essas sim, eternas.

Sombra.
Aquilo que te segue desde o começo.
E que te seguirá até o fim.
Parte de ti, pedaço de teu ser.

O que são epitáfios senão grandes e infinitas declarações de amor ?
Tenta de mim escapar, ofende-me com tuas palavras repletas de cristais de gelo.
Mas esquece que o reflexo do gelo quando exposto a brilhante luz do sol, exibe as mais belas cores,
Em seu íntimo, apenas pra quem sabe ver.
Ou a quem se dispuser a isso.

Feridas expostas.
Que sangram, que clamam.
Que chamam, que choram.
Assim como minhas palavras derradeiras.

Na tua tentativa de me repelir, admito que de fato, algo conseguistes.
Minha vida é ou era, total e plena dedicação a ti.
Cultos diários a tua felicidade.
Adoração ao teu semblante.
Preocupação absoluta com teu total bem-estar.
Isso, é o que entendo por VIDA.
E não há VIDA sem PAIXÃO.
E por aqui, encerro.
Ambas as coisas.



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