domingo, março 04, 2007

Ilusão Induzida

[ felicidade simulada ]

Havia um país pelo mar,
mas eu não posso dizer com certeza,
se fez parte de uma ilha só,
ou somente de alguma região litoral.

Uma aterrissagem difícil em um espaço branco e podre
estirado cuidadosamente nas ondas,
e por um momento desejei saber,
a que propósito amedrontador poderia servir.

Pesado, rugindo, em mares infinitos,
que segredos esta amargura encerra?
Será que minhas recordações antigas com seus fantasmas famintos,
juntaram todas suas forças para chamar esta tempestade de melancolia?

Jardins mortos e vastos,
quase um labirinto,
cercados por ruínas e pedras cobertas de hera,
talvez este lugar estranho teria sido uma vez um palácio,
onde agora arbustos de viole(n)ta agüentam espinhos escuros e frios.

Um menino jovem estava me levando pela mão
ele estava me conduzindo abaixo dos jardins,
o qual eu apenas me lembrei o momento
em que eu dei o primeiro passo debaixo da terra.

Nós viemos para um quarto só com janelas pequenas,
e para minha surpresa poderia de alguma maneira ouvir,
embora reduzido a um murmúrio, agora como canto e zumbindo,
uma voz selvagem do mar rugindo.

O menino construiu uma catacumba,
ele está vivendo em uma tumba,
debaixo do chão,
onde não há nenhum som,
ele está escondendo,
do mundo.

Algo se assemelhando a um altar foi construído lá,
uma estrutura com algum uso obscuro secreto,
abaixo, em autocontemplação inanimada,
jazia uma tumba negra e bem lacrada.

Mesmo assim este material escuro tem uma leveza sobrenatural,
e quando eu toquei isto, e senti o que era,
parecia ignorar totalmente minha presença...
e sem deixar um rastro, veio gotejando, grotesco e suave.

Então fôra de um súbito, que algo de debaixo disto,
apareceu, inesperadamente:
eram as paixões e os amores do pequeno menino,
o qual ele os tinha selado com o maior cuidado.

Deveria ter havido algo em meu olhar,
Já que o pequeno menino começou a falar,
e para minha pergunta muda de por que ele tinha feito isto,
ele respondeu estas palavras a mim:

"Este é o único modo que eu posso me manter à salvo delas,
só isto pode garantir que elas não subirão novamente,
porque quando voltarem, elas sempre estarão me seguindo.

Não há nenhuma alternativa,
eu não posso escapar delas,
porque assim que eu tente,
elas se levantarão novamente,
somente para me assombrar... -
oh, acredite em mim, eu tentei numerosos tempos!

Mas aqui neste paraíso perdido e inerte eu achei finalmente
algo que trabalha como um selo.
Minha amargura e meu receio me mantêm longe do dano,
e suas tentações belíssimas já não podem me ferir.

Aterrados bem fundo, nesse pesado mármore negro,
todos os restos de felicidade devem ser cobertos com isto,
com minhas tristezas de fantasias irreais.
Somente assim, afogando-as em minhas lágrimas,
Eu posso fingir que elas não existem.

Ainda, todo o tempo eu devo estar atento,
porque de vez em quando,
sempre que me recordo de suas maldições mundanas,
já que realmente pode acontecer,
e a terra treme e se abala,
e algumas das pedras estão começando a deslizar.
E isso só me garante que eu não devo mais me lembrar.

Assim, constantemente eu tenho que observar a tumba,
cuidando em não pensar,
e se eu não conseguir sempre,
tenho que estar lá, consertar o dano,
empilhar todo meu sofrimento seguramente e substituir por novas decepções... "

O menino construiu uma catacumba,
ele está vivendo em uma tumba.
Debaixo do chão onde não há nenhum som
ele está escondendo do terrível mundo.

Sentir tudo isso
Me levou um tempo para a realidade
de que todos nós temos segredos e medos...

Nós fechamos nossas mentes da dor
na esperança de ocultar nossas piores lembranças,
de esquecer nossas desventuras amargas
e isso está causando estas lágrimas.

Sempre.

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